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Como o remake de Brothers: A Tale of Two Sons ressuscita um clássico indie

25 03
autor:admins|Classificação:notícias de jogos

De tempos em tempos, acontece de um jogo surgir praticamente do nada (comumente de origens modestas) para causar um impacto tremendo na indústria de jogos como um todo. Caso não tenha jogado Brothers: A Tale of Two Sons, é bem provável que você já jogou algum jogo narrativo que foi influenciado por ele, como a aclamada série A Plague Tale. Hoje, graças ao remake iminente da desenvolvedora Avantgarden, nunca foi tão fácil curtir esse clássico indie pela primeira vez — e, com melhorias significativas em praticamente todos os aspectos do jogo, também valerá a pena jogar mesmo se você for um fã de longa data.


Desenvolvido originalmente por uma pequena equipe da Starbreeze Studios dirigida por Josef Fares, Brothers: A Tale of Two Sons é um jogo de aventura narrativa com quebra-cabeças que segue a tradição de Ico, Journey e LIMBO. Em um mundo fantástico de contos de fadas, o jogo faz você controlar dois irmãos que estão se aventurando fora de sua vila pacata em busca de uma cura para a doença rara do pai.

Brothers: A Tale of Two Sons Remake

Fares, que hoje dirige a Hazelight Studios, cita o seu amor pelos primeiros jogos de RPGs top down como a origem de Brothers: A Tale of Two Sons, mas afirma não queria apenas criar uma imitação naqueles moldes. Ele queria criar algo que "não fosse mais um jogo como qualquer outro", especialmente considerando a experiência dele como diretor de filmes. Fares surgiu com uma proposta exclusiva para Brothers: embora os dois irmãos façam você pensar que o jogo é jogado no modo cooperativo, na verdade, você controla a dupla com um único controle, onde cada analógico é dedicado a um irmão.


Bem como Fares relembrou, o conceito demandou várias tentativas e erros, fazendo a equipe criar duas demos antes mesmo de iniciar a produção completa. "Era o que dava sentido a tudo. Aquilo representava a visão completa do jogo, todo o seu conceito", afirma Fares. "A ideia geral girava em torno de controlar o irmão mais velho com o analógico esquerdo e o mais novo com o direito… Foi muito difícil, obviamente, descobrir como controlar os irmãos, a câmera e tudo mais que tinha por vir".


Para Fares, controlar os dois personagens com dois analógicos diferentes era algo natural, talvez até mais intuitivo do que a configuração comum de dois analógicos que os jogos em terceira pessoa já haviam usado por anos. Mas abrir mão do controle direto da câmera através do analógico direito gerou vários problemas para a equipe, e isso foi algo em que eles tiveram que trabalhar durante o desenvolvimento de Brothers: A Tale of Two Sons.


Felizmente, esse método incomum de controle forneceu solo fértil para a equipe criar quebra-cabeças inovadores, visto que mesmo as interações mais mundanas pareciam um tanto estranhas com esse sistema de controles único. Fares compara a abordagem do design de quebra-cabeças em Brothers a tentar amarrar o sapato com a ajuda de um estranho — algo que normalmente é uma tarefa fácil, mas ganha um toque extra que pode complicar as coisas.

Brothers: A Tale of Two Sons Remake

"Para ser sincero, no início, eu não achava que [controlar dois personagens] era algo tão diferente, já que parecia bastante natural para mim", comenta Fares. "Você tem dois analógicos, então pode controlar duas coisas. Porém, percebi depois que aquilo era algo bem único e bastante importante, já que a mecânica de fato funcionava bem com a história. E também porque a história e a jogabilidade se misturaram de um jeito ótimo".


Ivan D. Casaril, líder de design de jogos da Avantgarden, disse que guarda lembranças preciosas da época em que jogou Brothers: A Tale of Two Sons pela primeira vez. Ele descreve o título como um "destaque" da era do Xbox Live Arcade, época em que jogos indie baixáveis estavam vindo para os consoles pela primeira vez, e o compara com outros grandes jogos como Braid e LIMBO. Como fã de longa data do título, ele estava em boa posição para considerar quais aspectos do Brothers: A Tale of Two Sons original poderiam ser melhorados após uma década de avanços tecnológicos sem perder sua fidelidade às raízes do jogo.


"Em todas as fases, tivemos que pensar cuidadosamente no que melhoraria a experiência do jogador enquanto nos mantínhamos fiéis à essência da versão original", confirma Casaril. "Nos dedicamos a testar mecânicas novas usando protótipos, embora nem todas as ideias foram implementadas ao jogo final. Foi crucial avaliar como essas mudanças poderiam afetar o ritmo do jogo original".

Brothers: A Tale of Two Sons Remake

Casaril destaca que, além da revisão completa do visual, a Avantgarden também redirecionou todas as cinemáticas, fez ajustes sutis em mecânicas e quebra-cabeças e introduziu algumas sequências novas ao jogo. No geral, ele confirmou que o foco principal da equipe estava concentrado na apresentação do jogo, especialmente no refinamento dos controles e na melhoria das animações. O remake, inclusive, apresenta um novo modo cooperativo, embora Fares recomende que novatos joguem Brothers: A Tale of Two Sons no clássico modo para um jogador quando forem jogar pela primeira vez.


"Para nós, Brothers: A Tale of Two Sons é mais do que apenas um jogo. Ele é uma jornada sentimental para o jogador", diz Casaril.


Embora Fares não estivesse envolvido diretamente na produção do remake — ele e o restante da Hazelight andam trabalhando duro na sequência de It Takes Two, que venceu o Jogo do Ano (Game of the Year) no The Game Awards de 2021 —, ele consultou a equipe criativa diversas vezes durante o processo. Fares afirma estar "superfeliz" pelo remake estar a caminho, e que é natural ver mentes criativas querendo aprimorar quase todos os aspectos de um jogo, mesmo anos após seu primeiro lançamento.


"Você acaba querendo mudar muita coisa", comenta ele. "Você sempre pensa em algo do tipo: 'Poxa, eu poderia ter feito isso melhor, aquilo poderia ter ficado melhor'. Mas é preciso lembrar que a equipe que tínhamos naquela época não era tão experiente, além de ter sido meu primeiro jogo… Eu gostaria que a interação entre os irmãos fosse mais destacada, adoraria ver uma câmera melhorada, a arte um pouco melhor, tudo. Porém, no remake, muitos desses elementos de fato foram refinados. Por isso, tenho esperança de que as pessoas gostarão do remake de Brothers ainda mais que do original".


Já para Casaril, Brothers: A Tale of Two Sons não é apenas um sucesso indie icônico, mas um marco importante para os jogos no geral. Ele cita a mudança gradual no tom do jogo como um de seus pontos fortes — a narrativa começa com um toque alegre e suave que muitos esperam de contos de fadas modernos, até se tornar sombrio como um obra canônica dos Irmãos Grimm. Como muitos outros, Casaril admira, principalmente, a forma como Brothers: A Tale of Two Sons interage com seus controles únicos durante as reviravoltas do script, gerando emoções fortes que seriam impossíveis de presenciar fora do âmbito dos jogos.

Brothers: A Tale of Two Sons Remake

"Brothers: A Tale of Two Sons se destaca como um dos jogos pioneiros de sua época", escreve Casaril. "Ele trouxe uma mudança significativa em como as pessoas passaram a encarar os jogos não somente como uma atividade recreativa 'divertida', mas também como uma mídia poderosa capaz de se conectar emocionalmente com o público".


Visto que alguns integrantes da equipe principal que trabalhou em Brothers ainda trabalham com Fares na Hazelight, ele considera Brothers como, de certa forma, um "jogo da Hazelight". Segundo Fares, é possível ver o DNA de Brothers em outros projetos do estúdio, como o suspense cooperativo com temática de fuga de prisão A Way Out. Por exemplo, Fares sofreu bastante resistência de seus colegas desenvolvedores por querer incluir uma ampla variedade de mecânicas e minijogos em Brothers: A Tale of Two Sons, mas hoje considera isso uma das marcas registradas da Hazelight.


Mais do que tudo, ele diz ter orgulho do quanto a equipe por trás de Brothers pôde retratar o desenvolvimento dos personagens de maneira que tirasse o máximo de proveito do sistema de controles único, assim como dos pontos fortes do jogo no geral.


"Não dá para fazer isso em um filme… Acredito que esse jogo foi um grande momento 'Ahá!' para muitos jogadores, que ficaram meio: 'Estou realmente crescendo como um personagem de forma interativa!'", diz Fares. "Hoje em dia, eu ainda recebo cartas de pessoas que jogaram o jogo dizendo que o amam. Eu tenho muito orgulho do primeiro jogo que fiz. Na verdade, eu não poderia estar mais orgulhoso".

Brothers: A Tale of Two Sons Remake

A indústria de jogos entrou em uma era onde parece que quase todos os jogos aclamados podem receber um remake se as estrelas estiverem bem alinhadas. Embora Fares reconheça que essa era dos remakes tem sido boa para os jogadores, pessoalmente, ele prefere as "reimaginações" de grandes jogos de antigamente, mencionando a série em andamento Final Fantasy VII Remake como principal exemplo. Mesmo assim, Fares admite que remakes diretos de clássicos como The Legend of Zelda: Ocarina of Time permitem que novos jogadores os joguem pela primeira vez.


Casaril dá uma perspectiva semelhante, destacando que os remakes oferecem meios importantes de preservar a história e o legado dos jogos em geral, ao mesmo tempo em que também aprimoram alguns aspectos que designers como Fares adorariam revisitar com a experiência que obtiveram ao decorrer dos anos.


"Jogos como Braid, Fez e Soma de fato causaram um impacto duradouro na indústria, cada um contribuindo com elementos únicos para a área dos jogos", comenta Casaril. "A ideia dos remakes apresentarem esses jogos para as novas gerações é atrativa… Os remakes conseguem servir de ponte para as diferentes gerações de jogos, garantindo que as experiências inovadoras e impactantes criadas por tais títulos continuem sendo reconhecidas e desfrutadas. À medida que a indústria de jogos cresce, preservar jogos antigos e celebrar o legado deles se torna algo cada vez mais valioso".


Como um todo, fica claro que Fares vê Brothers: A Tale of Two Sons como o jogo que colocou ele e a Hazelight nos holofotes, e que esse título sempre ocupará um lugar especial em seu coração.

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"Eu tenho plena certeza de que os criadores de A Plague Tale foram inspirados por Brothers, pois eles disseram isso em uma entrevista", afirma Fares. "Eu tenho muito orgulho disso. Eu espero que Brothers tenha gerado impacto em outras desenvolvedoras e na forma como veem os jogos. Isso é de fato a melhor coisa que você pode ganhar enquanto desenvolvedor: inspirar um ao outro e trazer melhorias para toda a indústria… Se eu puder contribuir para levar a criatividade além, eu não poderia ficar mais feliz".


"Brothers é um jogo que tenho imenso orgulho de ter ajudado a criar", continua ele. "Ele me permitiu ter minha própria desenvolvedora com uma equipe incrível que desenvolve jogos ótimos que as pessoas adoram. Eu não poderia ter pedido por algo melhor".


Embora não saibamos quando o próximo jogo da Hazelight será lançado, está claro que eles andam trabalhando duro nele. E hoje, graças ao remake da Avantgarden, Brothers: A Tale of Two Sons recebe a chance de cativar uma geração completamente nova de jogadores, incluindo os que jogaram It Takes Two e estão curiosos para conhecer as origens do estúdio.


O remake de Brothers: A Tale of Two Sons será lançado na Epic Games Store no dia 28 de fevereiro.


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